O computador que faz refeições
À primeira vista, pode parecer que morangos e frango não têm muito em comum. Mas se olhar mais de perto, irá encontrá-lo: é o composto de sabor g-dodecalactone.
Esse jargão científico provavelmente não significa muito para você, mas muito para Chef Watson, o computador cognitivo da IBM. Esse composto é encontrado não só na carne de frango e morangos, mas também na carne de porco, cogumelos e abacaxi. (Ele também é adicionado ao filtro solar para dar-lhe esse cheiro típicotropical).
O Chef Watson entende de comida em um nível molecular, e trabalha fora da teoria de que as coisas que partilham compostos aromatizantes semelhantes tem gosto bom apenas juntos. Esse conhecimento faz de Watson um ajudante interessante para os chefs profissionais e cozinheiros amadores.
Mas Watson não é apenas um chef. É um sistema de computador que aprende lendo livros, artigos, ou do que for alimentado. O sistema cognitivo tem sido colocado em uso em finanças, saúde, engenharia e em situações de risco!
Mas como tudo acontece?
“O Chef Watson irá sugerir ingredientes que eu nunca usaria em minhas receitas, e isso que é surpreendente para mim”, disse Florian Pinel, engenheiro-chefe do projeto.
Em outras palavras, Watson faz receitas sem noção e preconcebidas, do que normalmente deveriam ser. Ele vai misturar os ingredientes com mais liberdade do que nós, seres humanos, que podemos não gostar de certas coisas, ou cozinhar com ingredientes específicos. Além disso, sua base de dados puxa receitas a partir de cozinhas de aproximadamente 30 países.
Os usuários podem selecionar as receitas com Watson (que está disponível ao público em versão beta). O programa começa com parâmetros sobre que ingredientes incluir e quais excluir. Há também um controle deslizante que te direciona em receitas clássicas e receitas que surpreendem.
O chef James Briscione, diretor do Instituto de desenvolvimento de culinária do Culinary Education, prefere receitas que surpreendam. Ele trabalhou com Watson na elaboração de um almoço, que utilizou receitas de um livro publicado no mês passado, “Cognitive Cooking with Chef Watson.” (Cozinha Cognitiva com Chef Watson). Ele fez
salada Caesar com purê de berinjela (ideia de Watson) e “croûtons” de alcachofra frita (ideia de Briscione).
Watson obtém suas ideias a partir de um banco de dados de 10.000 receitas Bon Appétit. Ele usa a aprendizagem de máquina, o que significa que quanto mais dados que ele tem, mais inteligente ele fica. Através do Bon Appétit, ele aprendeu como construir receitas, compreender proporções e tem visto que os ingredientes geralmente são postos lado a lado. Ele também teve de aprender pequenas coisas que os seres humanos identificam nos itens do dia a dia – como que você pode descascar uma lagosta, mas um salmão não.
Sua capacidade de entender os compostos de aroma é importante, porque é algo que nos levaríamos uma eternidade para aprender. Pegue um tomate, por exemplo, ele tem mais de 400 compostos. Tentando fazer um prato com base nessa informação “levaria horas e horas”, de acordo com Briscione. Para Watson, a demora é de alguns segundos.
Mas a tecnologia ainda está evoluindo. Foi só no ano passado que pessoas normais foram capazes de começar a acessar Chef Watson, e há um lembrete no site dizendo que Watson “come de dados, e não comida real… nos dê sua opinião para tornar o Chef mais inteligente.”.
Usuários pediram para inserir mais itens no banco de dados. Um pedido popular tem sido ouriço-do-mar. Se aparecer uma receita que Watson nunca viu sendo utilizado, ele não sabe o que fazer com ela, então a deixa na prateleira.
Mas, Pinel disse, é apenas uma questão de tempo: “Dê-lhe um ouriço-do-mar e ele vai começar a adicioná-lo as receitas”.
Fonte: CNN Money