Suíça tenta deter o êxodo para a blockchain melhorando o acesso aos bancos
Devido à queda do acesso ao setor bancário, diante de um grande êxodo para a blockchain de projetos de criptomoeda do país, a Associação dos Banqueiros Suíços (SBA, na sigla em inglês) emitiu na sexta-feira diretrizes para os bancos que desejarem fazer negócios com as startups.
Cerca de 530 startups de blockchain instalaram-se no centro de criptografia da Suíça em Zurique e Zug, disse Oliver Bussmann, diretor da Crypto Valley Association.
As empresas precisam ter acesso a serviços bancários tradicionais para depositar dinheiro, pagar salários e realizar outras atividades de financiamento do dia-a-dia, mas os bancos suíços temem as regras anti-lavagem de dinheiro (AML) e outras regulamentações.
Um novo cartão de débito preparado para gastar moedas digitais
“Acreditamos que com essas diretrizes, poderemos estabelecer uma base de discussão entre bancos e startups inovadoras, simplificando o diálogo e facilitando a abertura de contas”, disse Adrian Schatzmann, assessor estratégico da SBA, em entrevista coletiva.
Apenas um punhado dos 250 bancos suíços permitiram que as empresas depositassem o equivalente em dinheiro a moedas digitais captadas em captação de recursos digitais, conhecidas como ofertas iniciais de moedas (ICOs).
Dois deles retiraram seus serviços no ano passado, com o Zuercher Kantonalbank (ZKB), o quarto maior banco suíço, fechando as contas de mais de 20 empresas, disseram fontes da indústria à Reuters em julho.
Os bancos estão preocupados porque algumas das empresas que realizaram ICOs não fizeram verificações de AML em seus contribuintes, o que significa que os próprios bancos podem entrar em conflito com as regras da AML, disseram as fontes.
As novas diretrizes explicitam controles separados que a associação recomenda ao abrir contas para empresas de blockchain que realizam ICOs e aquelas que não o fazem.
Eles descrevem as verificações recomendadas de know-your-customer (conheça seu cliente) e AML para ICOs que captam fundos em moedas fiduciárias, como francos suíços, euros e dólares, e aquelas que captam fundos por meio de outras moedas digitais.
As regras devem ajudar os bancos a entender quais avaliações devem ser realizadas, mas também ajudar as empresas de blockchain e criptomoeda a saber quais informações devem fornecer e quais medidas devem tomar para se qualificar para uma conta.
“Isso fornece mais clareza não apenas para os bancos, mas também para as startups”, disse Bussmann.
Embora as discussões iniciais com os bancos tenham sido positivas, de acordo com o vice-presidente-executivo da SBA, August Benz, resta saber como elas responderão às novas diretrizes.
Reportagem de Brenna Hughes Neghaiwi; Edição de Kirsten Donovan Reuters. Publicado originalmente no site da Reuters, para ver a publicação original em inglês clique aqui.