Promessas de ano-novo podem dar certo. Já que é para mudar de hábitos, não vamos deixar para o mês seguinte. Vamos começar no primeiro mês do ano, em janeiro. Este é o desafio Veganuary, que propõe um mês inteirinho de dieta vegana. A campanha criada por uma ONG inglesa, que tem o mesmo nome, bateu recorde em 2022, com 600 mil inscritos.
A ideia é inspirar pessoas a experimentarem o veganismo em janeiro e, quem sabe, estimular uma transformação que se mantenha pelo resto do ano ou a vida toda. Além de melhorar a saúde da população por meio da alimentação, objetiva também conscientizar sobre a emergência climática e evitar o sofrimento de animais.
Maior movimento vegano do mundo
A iniciativa global acontece desde 2014, com inscrição gratuita, no site da organização. Os participantes têm suporte para realizar a transição alimentar da forma mais tranquila possível, com cardápios, receitas fáceis e informações úteis. O contato mais próximo com a dieta vegana desmistifica que é muito restritiva e não é saborosa. Amplia o olhar para a diversidade de alimentos de origem não animal, que podem ser introduzidos com criatividade na rotina.
A motivação, inicialmente ideológica, ganha força com a percepção dos benefícios da dieta para o organismo, como aumento da disposição, melhoria do funcionamento intestinal e na qualidade do sono. Estudo realizado pela Universidade de Florença, na Itália, revelou que veganos têm risco 15% menor de ter câncer, comparado com quem consome carne e derivados de produtos animais.
Quem não é um herói ou heroína da Marvel, mas deseja salvar o planeta, pode esbarrar no preconceito de que o veganismo é incompleto em nutrientes. A Veganuary disponibiliza informações valiosas que fazem refletir sobre o assunto. Um vegano tem tendência a cometer menos excessos e se preocupar mais com a qualidade alimentar que um onívoro, que come de tudo. Pela grande variedade de opções, os onívoros têm mais ofertas disponíveis, o que pode levar a cair na tentação do exagero. Como João e Maria, da fábula dos Irmãos Grimm, que ao encontrarem a casa feita de doces, comem compulsivamente para saciar a carência afetiva.
O veganismo é pop
A ação ganhou visibilidade, com vasto conteúdo nas redes, só no Instagram são quase um milhão e oitocentos mil hashtags. É o reflexo da mudança global gestada pela crescente preocupação com a preservação do planeta. O engajamento é impulsionado pelas novas gerações, principalmente a Z e os Millennials. Os países latino-americanos tiveram destaque na última edição, o Brasil se posicionou entre os 10 países no mundo, com maior número de participantes no desafio.
Derrick Green, vocalista do Sepultura, e a ativista Luisa Mell foram embaixadores da ação este ano. Derrick é vegetariano desde os 15 anos e vegano há um bom tempo, aceitou o convite por acreditar que “a empatia por todas as formas de vida cria um efeito dominó, que beneficia a existência do nosso planeta.” Outros famosos entraram para o time e apoiaram a causa, como o ex-Beatle Paul McCartney, a tenista Venus Williams, o prefeito de Nova York, Erick Evans, a atriz Lucélia Santos, o escritor André Carvalhal, o ator Mateus Solano e o ex-deputado federal Jean Wyllys. Marcas como Burger King, KFC e McDonald’s aderiram e disponibilizaram opções veganas no menu.
Mudanças de hábitos impulsionam transformações
No livro “O Poder do Hábito”, Charles Duhigg diz que a mudança de um hábito mestre pode representar a chave para abertura de grandes revoluções na vida. De fato, o veganismo vai muito além da alimentação. É um estilo de vida, que reflete no posicionamento e atitudes. A inserção da dieta no dia a dia conduz a transformações nos relacionamentos afetivos, sociais e profissionais.
Envolve não consumir nada que tenha ingredientes de origem animal ou tenha sido testado em animais, o que inclui produtos de beleza, limpeza, calçados e vestuário. Nesse cenário mais consciente, os cosméticos veganos crescem em popularidade ao unir autocuidado com preocupação ambiental e trazer impacto positivo sobre a pele e ecossistema.