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Se existe uma coisa que me dá esperanças para o futuro, é a liberdade na Internet

futuro na internet
“Há questões muito mais urgentes do que a forma de como regular a rede, desde as alterações climáticas à injustiça econômica. Mas cada uma dessas lutas será ganha ou perdida na internet.” Fotografia: Erik Tham / Alamy / Alamy

Ativistas de tecnologia são muitas vezes taxados de cegos para as deficiências do mundo digital. Mas é nestes grupos que detêm a chave para a mudança progressiva na luta para uma internet mais justa.

Uma coisa engraçada aconteceu no caminho para a distopia¹ da alta tecnologia.

Quinze anos atrás, havia muito poucos grupos de “ativistas de tecnologia “. Meu ex-empregador, a Electronic Frontier Foundation, foi um dos primeiros, precedido por algumas escassas como a Free Software Foundation. Estes grupos ficaram animados com as possibilidades da tecnologia, é claro, mas não era isso que os animava. Em vez disso, eles eram e são motivadas por uma mistura de esperança e medo: esperança na tecnologia na maneira em como poderia nos dar um mundo melhor, e medo de como a tecnologia poderia fazer em um milhão de maneiras, o pior do mundo.

Tomei consciência da existência do movimento em 1993, pouco antes de sair da universidade (pela quarta e última vez) e passei a trabalhar como programador. Lembro-me bem: eu estava prestes a entrar em um ônibus Greyhound do centro de Toronto para a Universidade de Waterloo. Eu tinha um laptop com uma bateria que durou apenas 30 minutos, e foi um passeio de uma hora de duração, então eu comprei uma revista totalmente nova para ler: foi a primeira edição da Wired que já tinha visto. Era a edição 1.2, e a reportagem de capa era “Rebeldes de criptografia”, de Steven Levy.

O artigo me impressionou com a infraestrutura técnica proposta pelo crescente movimento “cypherpunk”², que percebeu o dia em que computadores ligados em rede iriam mediar todas as nossas ações, e estas poderiam ser garantidas por meio de ferramentas criptográficas comprováveis ​​matematicamente que permitiriam autenticar as mensagens uns dos outros, guardar segredos, e estabelecer a confiança em um mundo onde eles não iria nunca se encontrar e qualquer um poderia ser ouvido.

Ainda mais impressionante para mim, como alguém que tinha crescido dentro da proliferação nuclear e no meio de movimentos anti-justiça social, foi no sentido de que os computadores poderiam ser uma ferramenta para a organização de movimentos em massa, e que eles também poderiam ser uma ferramenta para esmagá-los. Uma vez que tudo que desafiou o estabelecimento foi na net, as corporações gigantes e governos que controlavam seriam capazes de espionar tudo o que todo mundo faz, o tempo todo. Eu cresci ouvindo contos de Pierre Trudeau “War Meassures Act”, um período com leis canadenses, quando os serviços sujos de inteligência enganavam seu caminho através de grupos radicais com total impunidade. Imagine o que eles poderiam ter feito se a internet tivesse evitado a necessidade de invadir os escritórios de grupos radicais para roubar seus arquivos.

Agora estamos em 2015, e se há uma coisa que me dá esperança para o futuro, é a pura proliferação de grupos ativistas cuja causa é, de alguma forma ou de outra, a liberdade na Internet. Cada nação da Europa tem um grupo próprio, no Reino Unido tem Open Rights Group (divulgação: Eu fui o co-fundador da ORG) na Holanda temos o Bits of Freedom, e dezenas de outros. Não porque a luta mais importante que temos é a internet – há questões muito mais urgentes do que a forma como regular a rede, desde as alterações climáticas à injustiça econômica. Mas cada uma dessas lutas será ganha ou perdida na internet, o que torna a luta pela net a luta mais fundamental, se não o mais importante.

E aqui está a coisa engraçada que aconteceu no caminho para a distopia da alta tecnologia: o movimento para tornar a internet aberta, livre e justa acumulou uma longa e arrastada cauda de críticos que afirmam que os ativistas são “tecno-deterministas” cegos à maneira que a rede torna possível alienarem os trabalhadores um do outro, permite que criminosos roubem contas bancárias dos inocentes e jogam no lixo a sua privacidade, além de colocar populações inteiras sob vigilância. Eles dizem que os ativistas de tecnologia pensam que a tecnologia é a resposta para tudo, e não podem fazer nada errado.

Um exemplo de que a tecnologia avançada serve para solucionar quase todos os problemas da humanidade
Um exemplo de que a tecnologia avançada serve para solucionar quase todos os problemas da humanidade

Eu conheço um monte de ativistas de internet que se encaixam nesse perfil. Ah, claro, há vendedores ambulantes empresariais complexos como Tony Stark e vou dizer-lhes que há um futuro brilhante ao virarmos a esquina, graças ao poder milagroso da internet para resolver nossos problemas. Essas pessoas estarão conosco para sempre. Mas eles não são os únicos que lutam pela liberdade online.

A única razão para ser um ativista de tecnologia é se você não acreditar em determinismo. Um ativista é alguém que pensa que o futuro está em aberto, e que o que fazemos hoje pode fazer melhor o amanhã. Um ativista é alguém que pensa que, sem ação, as coisas vão ficar piores. O ativismo é sinônimo de indeterminação, uma crença de que o futuro muda porque as pessoas mudam-no.

É verdade: ativistas de tecnologia veem o mundo através da lente da tecnologia. Se a “economia de partilha” tornou-se uma fachada para práticas de exploração laboral, ativistas de tecnologia podem propor um aplicativo de negociação coletiva, uma campanha de lobby crowdsourced³, uma co-op em rede para os trabalhadores cujo creme está sendo desnatado por empresas apoiadas por capital de risco. Estas atividades são tecnológicas, mas elas atacam o problema como um problema de mercado, um problema jurídico e um problema normativo.

Isto não é “solucionismo” – é ativismo. A tecnologia torna mais barato experimentar coisas que nunca foram feitas. Ativistas podem se coordenar um com o outro e testar um monte de táticas para ver como elas funcionam. Quando computadores em rede se tornar um problema, precisamos resolver o problema – e é natural começar com os computadores ligados em rede que estão causando o problema. Não porque tudo parece um prego para uma pessoa com um martelo – porque você não pode resolver um problema ignorando sua origem.

Os Geeks* podem estar errados. Muito errados. Eu estou muitas vezes errado. Mas a tecnologia vai mudar o mundo de maneira profunda. É urgente que temos esse direito de mudança, ou as coisas irão ficar muito mal, de fato. Essas são duas coisas que os geeks estiveram certos o tempo todo.

***

Este é uma tradução livre feita por Suprimatec de um artigo de opinião publicado originalmente no site do The Guardian que foi escrito por Cory Doctorow, ele é um ativista, autor de ficção científica e co-editor do blog Boing Boing

Glossário:

¹ – Distopia: lugar ou estado imaginário em que se vive em condições de extrema opressão, desespero ou privação; antiutopia.

² – Cypherpunk é um grupo informal de pessoas interessadas em Criptografia. Seu objetivo é assegurar a conformidade com privacidade usando a proativa da criptografia.

³ – Crowdsourced é a união de duas palavras do inglês, crowd que significa multidão e source que significa fonte de informação. Então, crowdsourcing significa conhecimentos e idéias, ou seja, soluções a partir de um grupo ou comunidade.

* – Geek é um anglicismo e uma gíria inglesa que se refere a pessoas peculiares ou excêntricas, obcecadas por tecnologia, eletrônica, jogos eletrônicos ou de tabuleiro, histórias em quadrinhos, livros, filmes, animes e séries.

Eder Oelinton

Jornalista, amante de tecnologia e curioso por natureza. Busco informações todos os dias para publicar para os leitores evoluírem cada dia mais. Além de muitas postagens sobre varias editorias!

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2 Comentários

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