Nem chinês nem brasileiro: pesquisa expõe angústias dos filhos dos imigrantes que se fixaram em Curitiba
Estudo que entrevistou geração nascida no Brasil mostrou que as representações pejorativas do imigrante asiático na mídia marcaram o processo de recepção dessa população na capital paranaense
A chegada de imigrantes chineses em Curitiba ocorreu ao longo das décadas de 1950 e 1960, período em que aconteceu a chamada “Diáspora Chinesa”. Nas décadas anteriores, a China passou pela Segunda Guerra Sino-Japonesa, com o Japão Imperial ocupando parte do território chinês. O conflito passa a se confundir com as disputas da Segunda Guerra Mundial e é seguida pela ascensão do Partido Comunista Chinês ao poder, que teve papel relevante na expulsão dos japoneses.
A ocupação levou diversas famílias a migrarem para Hong Kong, especialmente da província de Guangdong, no sul do país, e de lá se espalharem pelo mundo. A América, nesse contexto, era um dos principais locais almejados por essa população, sendo o Brasil um desses destinos, com parte das pessoas mudando para Curitiba nas décadas que se seguiram.
Em sua dissertação de mestrado intitulada “Filhas e filhos da diáspora: narrativas da segunda geração da imigração chinesa a Curitiba”, Maria Victória Ribeiro Ruy mostra como foi construída e definida a representação da população que deixou Guangdong e veio até a capital paranaense. O estudo investiga por meio de entrevistas de história oral com a segunda geração dessa imigração, as relações que eles estabelecem com o seu passado, além de retratar como se identificam dentro da sociedade brasileira.
Datar com precisão a chegada de cada família em Curitiba é um desafio. Segundo os filhos e netos dos imigrantes chineses, seus familiares viveram no Rio de Janeiro e em São Paulo antes de virem à capital paranaense. Lá, eles trabalhavam em comércios de outros chineses, onde aprendiam a profissão e a língua portuguesa. Curitiba se tornou atrativa pelo seu crescimento, o que resultou em um aumento no fluxo de pessoas no centro da cidade. O local carecia de lugares onde se poderia comer algo bom, simples e barato e os novos moradores aproveitaram essa oportunidade para criar pequenos negócios no ramo alimentício.
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