As misteriosas ondas de rádio vindas do espaço ganham nova teoria

Em uma recente publicação feita aqui no blog sobre as misteriosas ondas de rádio que vinham do espaço, dentre várias teorias abordadas, a que surpreendeu mais foi a de que poderiam ser mensagens de alienígenas, mas estudos informam que poderia ser outra coisa.

Por quase 10 anos astrônomos tentam rastrear a localização destas ondas de rádio misteriosas chamadas de Explosão Rápida de Rádio em inglês Fast Radio Bust (FRBs), elas são maiores que o nosso Sol, carregadas de grande energia, e cruzam o universo em várias direções centenas de vezes por dia.

Enquanto acredita-se que tais ondas originam-se em algum lugar no Universo distante, os cientistas tiveram dificuldades em descobrir esses estranhos flashes desde a sua descoberta em 2007, porque cada um deles tem a duração de uma mera fração de segundo antes de desaparecer. Mas a análise recente de mais de 650 horas de dados arquivados, trouxe-nos mais perto do que nunca de uma resposta pode ser um terremoto, como um terremoto na Terra, mas em uma estrela, poderia ser a fonte.

Usando informações recolhidas pela Fundação Nacional de Ciência dos EUA (NSF) e a Green Bank Telescope(GBT), uma equipe de astrônomos montou o registro mais detalhado da história de um FRB. Este FRB, chamado FRB 110523, eles discerniram que essas ondas de rádio estão sendo produzidos em uma região altamente magnetizada de espaço, o que poderia colocá-los em estreita proximidade de uma supernova (explosão de uma estrela) ou dentro de uma nebulosa de formação estelar ativa.

“Agora sabemos que a energia deste FRB passou por uma região densa e magnetizada logo após sua formação. Isso reduz significativamente o ambiente e o tipo de evento fonte que desencadeou a explosão”, disse o astrônomo Kiyoshi Masui da Universidade de British Columbia, no Canadá.

Para peneirar os 40 terabytes de dados sobre este único FRB, Masui e seus colegas usaram uma ‘mancha’ que afetou o sinal da onda de rádio, uma vez que viajou em torno de 6 bilhões de anos-luz de distância para descobrir que ela se originou em alguma outra galáxia, cerca de metade do caminho através de todo o universo.

Esta é a primeira vez que os cientistas encontraram provas de que os FRBs são sinais vindos de uma galáxia distante da nossa.

O mancha no sinal foi analisada por Masui e sua equipe desde que foi descoberto o FRB pela primeira vez pelo astrofísico Duncan Lorimer e seus colegas na universidade West Virginia, com base em informações captadas pelo radiotelescópio Parkes, na Austrália.

“Quanto mais manchado é o sinal de rádio, mais plasma passa por ele, e quanto mais plasma ele tem, presumivelmente, viajou através do espaço,” disse Lee Billings da Scientific American . “Analisando a mancha, Lorimer e seu colaboradores fizeram uma estimativa aproximada de que a explosão poderia ter vindo de até alguns bilhões de anos-luz de distância.”

Isso significa que esses sinais estão vindo bem além dos limites de nossa galáxia da Via Láctea, de modo que cada um é capaz de liberar entre uma hora a um ano do valor de saída total de energia do nosso Sol em apenas alguns milésimos de segundo, diz Billings..

Masui e sua equipe também analisaram a polarização da FRB 110523, algo que ninguém foi capaz de fazer até agora. “Escondido dentro de um conjunto de dados incrivelmente enorme, encontramos um sinal muito peculiar, uma que combinava com todas as características conhecidas de uma Explosão Rápida de Radio, mas com um elemento de polarização adicional tentadora que nós simplesmente nunca vimos antes”, disse Jeffrey Peterson da Universidade de Carnegie Mellon.

A natureza distorcida, da polarização deste FRB parecida com um saca-rolhas, indicou que tinha viajado através de um campo magnético muito forte, e uma investigação mais aprofundada revelou que a sua luz tinham sido espalhada por algo logo depois de ampliar a distância de sua fonte. Este insinuou a possibilidade de ele ter originado de uma densa nuvem de plasma.

Elizabeth Gibney explica na revista Nature o que isso poderia significar:

Uma região preenchida com plasma sugere uma área do espaço onde as estrelas ainda estão se formando combinado com o campo magnético, Masui diz que isto poderia significar que o FRB veio de um terremoto, uma perturbação na crosta de uma estrela, semelhante a um terremoto na Terra, em um estrela magnética jovem, uma estrela de nêutrons altamente magnetizadas. Outra alternativa, diz ele, uma jovem mas particularmente grande estrela de nêutrons poderia ter lançado a explosão quando ela entrou em colapso de repente para formar um buraco negro, algo conhecido como um blitzar.”

Mais análises terão que ser feitas em outros FRBs, mas estamos chegando seriamente mais perto de descobrir esses flashes aleatórios misteriosos do Universo.

Os resultados foram publicados na revista Nature.

Fonte
Science Alert
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