O mais antigo sistema de mensagens digitais – o e-mail – que foi lançado no mercado em 1973, antes mesmo da internet pública, ainda continua sendo um importante canal de comunicação da sociedade conectada. E a tendência é de que se fortaleça ainda mais, apesar da grande popularização das plataformas sociais de troca de mensagem instantânea.
Esta constatação é da AbraHosting, Associação Brasileira das Empresas de Infraestrutura, Cloud e Serviços na Internet, entidade que congrega os provedores responsáveis por 60% do tráfego de serviços web no Brasil.
Segundo a entidade, mesmo com sua reputação afetada por um alto nível de mensagens indesejadas ou de spam, o e-mail é a única forma de mensageria universalmente adotada por 100% das organizações dos meios empresarial, acadêmico e governamental. E é a aplicação de mensagem predominante na grande maioria dos PCs e dispositivos móveis do mercado.
Num levantamento de dois anos atrás, a AbraHosting havia constatado que 95% do tráfego de email no Brasil era classificado como “spam” ou como informação indesejada pelos sistemas de bloqueio dos próprios provedores nacionais. Mas os 5% restantes representavam mensalmente um volume situado na casa dos bilhões de mensagens e apresentavam nível de confiabilidade e relevância cada vez mais evidente para os usuários.
“A boa reputação do e-mail que efetivamente entra na caixa postal aumenta na mesma proporção em que a triagem dos provedores se torna mais rigorosa. Além disto, a própria população desenvolveu a habilidade de separar o e-mail inútil das mensagens de fato relevantes, o que fortalece a aceitação da ferramenta”, afirma Luis Carlos dos Anjos, presidente da AbraHosting.
O executivo também chama a atenção para o fato de o e-mail ser um dos meios mais usados para login de usuário em sites que exigem o cadastramento de senha, tornando-se assim uma das credenciais mais populares da sociedade global.
Segundo dados do IBGE, numa pesquisa de 2018, a verificação ou envio de e-mail foi o principal motivo declarado para a conexão à Internet por cerca de 70% dos brasileiros recenseados com acesso à rede.
O diretor de produtos digitais do UOL, Marcelo Varon, comenta que este motivador é ainda mais concreto quando se pensa em empresas. “O e-mail é universal e se tornou uma ferramenta indispensável no mundo empresarial, tornando a empresa mais memorável e facilitando o relacionamento com o mercado através de endereços práticos como financeiro@, info@, vendas@, etc”, pontua o executivo.
Na visão de Varon, o rápido crescimento experimentado pelos serviços de mensagem instantânea está longe de ameaçar a sobrevivência do e-mail porque, apesar de propiciarem maior agilidade na comunicação, esses novos canais oferecem menos recursos de formalidade e registro de conteúdos, adequando-se a questões mais efêmeras.
“Ferramentas como WhatsApp, Instant Messaging, Slack ou SMS são extremamente interessantes para conversas informais ou para a colaboração profissional em atividades passageiras, mas se a ideia é guardar uma cópia da mensagem, junto com históricos e arquivos para possível uso futuro, o e-mail segue sendo a melhor opção”, opina Varon.
Segundo Luis Carlos dos Anjos, além da maior rastreabilidade, através de diversas ferramentas de busca disponíveis nas aplicações para PCs e smartphones, o e-mail tem a vantagem da linha de assunto, que representa um diferencial na organização e é valorizada por cerca de 87% dos usuários como um critério extra para determinar a abertura de uma mensagem (em conjunto com a informação sobre o remetente).
Para fazer frente ao seu principal ponto negativo, que é a alta taxa de spam, o que as empresas começam a fazer é adotar plataformas de autenticação para suas mensagens que ajudam a conferir um status de licitude e conformidade jurídica para os e-mails corporativos. Este é o caso, por exemplo, da ferramenta de e-mail registrado da empresa global RPost.
“Outro recurso adotado é o da criptografia de conteúdo, que torna a mensagem inviolável, a não ser através de uma chave de uso exclusiva do destinatário”, prossegue o presidente da AbraHosting.
Tentativa de Abolir E-mail não Vingou
Segundo Gustavo Morgado, vice-presidente de marketing da AbraHosting, com a rápida evolução das mídias sociais e das plataformas móveis, há cerca de cinco anos, chegou-se a acreditar que o e-mail estaria com os dias contados e que seu tradicional formato de mensagens seria incompatível com as preferências e hábitos da chamada geração Millennials.
Em 2014, lembra ele, a multinacional Atos Origin chegou a experimentar um programa denominado “Zero-Mail”, para substituir quase que integralmente as comunicações de e-mail por sistemas de mensagem instantânea, visando aumentar a produtividade por funcionário.
“Na época, a experiência foi bem-sucedida em reduzir drasticamente a produção e tráfego de e-mails improdutivos, mas, ao invés de acabar com o e-mail, a campanha da Atos Origin acabou servindo para sanear este canal e torná-lo ainda melhor e mais efetivo para os negócios”, afirma Morgado.
Reafirmando sua resiliência em plena era dos Millennials, o serviço de e-mail segue crescendo e, de acordo com o Radicati Group, em 2019, conta com cerca de 5,6 bilhões de contas ativas no mundo, uma base 26% maior que as 4,35 bilhões de contas existentes em 2015.
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